O capitalismo no Brasil é plenamente desenvolvido, não obstante a existência de estruturas pré-capitalistas. Existe um setor de produção de mercadorias de capital constante bens de produção integrado com um setor de produção de mercadorias de capital variável bens de consumo com um setor financeiro que serve de arcabouço para a reprodução e circulação de capital. Esta caracterização independe da origem dos capitais presentes na economia brasileira, se nacionais e internacionais. O fato de ser completo, no sentido de plenamente desenvolvido, não torna o sistema capitalista infenso a crises e nem garante que não haja a possibilidade de retrocessos. Também não garante condições melhores de vida para a maioria da população. A partir dos anos 50 do século passado, a expansão capitalista segue a tendência de monopolização. A concentração de capital, e a conseqüente concentração de renda, se deu com a redução salarial e a intensificação da jornada de trabalho. Este processo se aprofunda mesmo nas fases de predomínio da política de substituição de exportações, nos anos 50, sob a lógica desenvolvimentista do governo JK, e no período da ditadura militar, com maior intensidade nos governos Médici e Geisel, quando avançou a industrialização no Brasil, com base no "tripé" Estado, investimento estrangeiro direto e capital nacional. Em todo este período, a concentração de renda seguiria aumentando. O capitalismo no Brasil atingiu a etapa monopolista. A concentração e a centralização do capital são uma constante da dinâmica da acumulação de capital no Brasil. A maioria dos setores da economia é controlada pelo grande capital. Esta tendência se manifesta nas ondas periódicas de fusões e aquisições de empresas. Deste caráter depreende-se que a burguesia brasileira tem, como principal característica, o movimento em direção ao controle dos grandes setores das economias grandes bancos, empresas industriais, comerciais e agrícolas, e sua ligação orgânica com o capital internacional. O Estado sempre foi peça fundamental no desenvolvimento e na "modernização" capitalista no Brasil. Porém esse papel sempre esteve condicionado à lógica internacional da produção capitalista e ao papel reservado ao Brasil nesse processo. Por isso, em nossa história, não se pode verificar a existência de setores na burguesia que tenham conseguido imprimir um desenvolvimento independente e auto-sustentado no capitalismo.
No mundo do trabalho, houve uma diminuição do operariado fabril, aumentando sobremaneira as variadas formas de procarização do trabalho, através do trabalho temporário, parcial, expansão dos assalariados médios em áreas de serviços, exclusão de jovens e "velhos" (cerca de 45 anos) do mercado de trabalho e expansão do uso de mão-de-obra infantil e feminina. Esse cenário heterogeneizou e fragmentou o perfil da classe trabalhadora. Essas transformações atingiram em cheio o operariado industrial tradicional, fazendo com que alterações no nível de consciência e nas formas de representação, das quais os sindicatos são a principal expressão, venham ocorrendo em acelerado.
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